Imagem retirada do site The Independent
Futebol é talento. Toda e qualquer função dentro de campo exige uma capacidade técnica gigantesca, ainda mais em uma competição de alto nível. Porém não é só isso. O preparo psicológico é igualmente importante.
Quando se trata de goleiros, diria que o psicológico é ainda mais importante. Existem muitos jogadores talentosíssimos nessa posição, mas os grandes são aqueles que tem confiança. Buffon, Casillas, Cech, Neuer, juntam seus reflexos e sua elasticidade com o fato de serem extremamente confiantes.
O alemão Loris Karius demonstrou esse talento pelo Mainz e, por isso, foi contratado pelo Liverpool no começo da temporada 2016/17. A camisa pesou e seu primeiro ano pelos Reds foi lamentável, voltando para o banco e assistindo o contestado Mignolet pegar sua vaga.
A temporada 2017/18 começou e era dada como certa a chegada de um novo goleiro para o time de Anfield. Nomes como Alisson, Oblak e Horn foram citados. O torcedor, que não confiava nenhum pouco nos atuais goleiros, estava empolgado. A janela fechou e nada. Foi uma chuva de críticas em cima de Klopp.
No começo da atual temporada, Mignolet e Karius disputavam posição, mas com o tempo o alemão foi assumindo a titularidade. Apesar de bons jogos, ainda aparentava uma falta de confiança. E como a confiança é importante para um goleiro! É a confiança que impede de hesitar em uma saída nos pés do atacante ou para tirar uma bola aérea, confiança que permite repor o jogo com precisão.
O Liverpool fez uma temporada espetacular e, surpreendentemente, chegou na final. Com isso, as críticas à decisão de Klopp de não contratar um goleiro foram deixadas de lado. Mas a conta iria chegar, e da maneira mais cruel possível.
Contestado por tanto tempo, Karius não era o goleiro para representar os Reds em uma final de Champions League. Da mesma forma que não era Ulreich para o Bayern, que fazia uma temporada tão boa, mas demonstrou fraqueza na semi final contra o Real Madrid.
Esse nervosismo levou Loris a não perceber a presença de Benzema na sua frente e acabar entregando a bola. A tirar a mão na bicicleta de Bale e apenas torcer para a redonda não entrar. A não saber se espalmava ou segurava o chute do galês e falhar bisonhamente.
A experiência, e até mesmo as falhas de ontem, podem ajudá-lo a entender a importância de entrar confiante no jogo. Para o Liverpool, fica a lição de contar com nomes mais experientes e consolidados.
Não é o fim de uma carreira, apenas uma baixa em uma trajetória que pode vir a ser muito vitoriosa.
Pedro Werneck Brandão