Imagem retirada do site Flamengo RJ
O roteiro desenhado pelo período que antecedeu o duelo da semi-final da Copa do Brasil entre Flamengo e Corinthians era de um Flamengo dominante enfrentando uma equipe frágil. Roteiro esse que fazia todo sentido, pelos jogadores de cada time e pelo desempenho no ano.
O primeiro jogo, porém, não se desenvolveu dessa forma. O Flamengo enfrentou um Corinthians retrancado, com uma proposta bem definida e que a cumpriu bem. O resultado de 0x0 era exatamente o que a equipe paulista queria para voltar para casa com uma situação favorável para aproveitar-se do fator torcida.
As estatísticas do jogo de ida (23 chutes a 4 e 74% de posse de bola do Fla) mostram um domínio flamenguista, apesar do resultado. Os números, porém, são mentirosos e demonstram uma situação recorrente no Flamengo 2018, uma equipe que fica com a bola, tenta, mas não consegue de fato dominar uma partida criando chances claras do início ao fim.
O jogo de volta já mostra uma menor superioridade, o Fla é derrotado por 2x1 chutando apenas 10 vezes e tendo 56% de posse de bola. O primeiro gol corinthiano vem de falhas já conhecidas dos laterais flamenguistas. Pelo lado esquerdo, Trauco e Diego não se entenderam em relação a quem sairia para o combate, quem ficaria na cobertura, e deixaram Jadson livre para efetuar a inversão que alcançou Danilo Avelar absolutamente livre, por conta do mau posicionamento de Pará.
A intenção desse texto, porém, não é falar das falhas defensivas do Flamengo, mas sim da pouca produção ofensiva para os jogadores que o time tem. O meio-campo que começou a partida hoje com Cuéllar, Arão, que voltou a jogar bem nos últimos jogos, Éverton Ribeiro, Paquetá e Diego seria sonho de qualquer técnico brasileiro.
Mesmo com esse meio-campo de respeito, nenhum atacante rubro-negro consegue se consagrar. Dourado, artilheiro do último campeonato brasileiro, não consegue achar um espaço, sem estar em impedimento, para que o trio de meias criativo coloque uma enfiada de bola.
O problema vai mais longe do que a pouca eficiência dos centroavantes. O time parece não ter jogadas trabalhadas no ataque. É raro um momento de triangulação que funcione, algo que deveria ser recorrente com os jogadores que tem.
A impressão que fica é de um time flamenguista que acabou de ser criado. É possível observar que tem ótimos jogadores, mas eles parecem ainda não se encaixarem. A verdade é que a maioria já joga junto há muito tempo e o técnico já ocupa o cargo há alguns meses. Já o Corinthians, cujo treinador assumiu a equipe há 5 jogos, mostrou um plano de jogo bem definido e o executou com perfeição.
Se o time do Flamengo era realmente tão superior ao "frágil" Corinthians, como não conseguiu evidenciar nenhuma fraqueza do time paulista nos dois jogos? Já o Coringão, ao marcar seu primeiro gol, mostrou ciência da fragilidade dos laterais rubro-negros.
O ainda inexperiente Maurício Barbieri mostra tentativas de mudança tática pouco efetivas. No jogo de ida da Libertadores contra o Cruzeiro, começou com Vitinho de falso 9, mas o time acabou sendo uma confusão, cada hora um jogador ocupando a posição de centroavante sem eficiência. Agora contra o Corinthians resolveu colocar os 3 meias, Diego, Éverton e Paquetá para mudarem de posição constantemente, mas, ao invés de confundir o adversário, a decisão parece ter confundido o próprio Flamengo.
Apesar de ter excelentes jogadores, o Fla parece ainda não se configurar como time. Por enquanto, fez o suficiente apenas para brigar pela liderança em um Campeonato Brasileiro em que os melhores times poupam seus principais jogadores em quase todas as rodadas. Agora disputando apenas essa competição, a obrigação é formar uma equipe bem definida, coisa que já deveria ter acontecido há muito tempo, mas que, por enquanto, só foi vista no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil, contra o Grêmio.
Pedro Werneck Brandão
Bom analise! Você não acha que o fator psicológico de jogar em um time grande joga contra eles? As expectativas e tudo isso...
ResponderExcluirAcho que não... O Flamengo tem jogadores muito acostumados com pressão. Não acho que o futebol do Flamengo caia nos jogos mais complicados, eles tem jogado dessa forma o ano inteiro.
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