Imagem retirada do site "UOL Esporte"
A volta de Felipe Melo ao Brasil teve uma enorme repercussão. Vários fatores motivaram tanto alarde: o fato de ser um grande jogador, a disputa entre vários clubes pela sua contratação, a demonstração da força do Palmeiras e, principalmente, suas atitudes fora de campo.
O jogador sempre foi muito polêmico. Dentro de campo, ótimo jogador, raçudo (até demais). E esse "excesso de vontade" proporcionou lances nada agradáveis ao adversário, incluindo algumas entradas violentíssimas.
Em 2010, Felipe jogava pela Juventus e era titular absoluto da seleção de Dunga. O jogador tinha características muito admiradas pelo treinador (incluindo a agressividade) e era simplesmente inquestionável. Com certa segurança, a seleção chegou às quartas de final, onde enfrentaria a Holanda. O volante falhou no primeiro gol e, depois de sofrer a virada, perdeu a cabeça, pisou em Robben de forma muito violenta e levou o cartão vermelho. Para piorar, disse após o jogo que o árbitro havia exagerado.
Mais do que nunca, a agressividade de Melo passou a ser fortemente criticada na imprensa. A eliminação foi jogada em cima dele, talvez até injustamente. Por um bom tempo, uma possível volta dele à seleção era totalmente descartada.
Mesmo assim, Felipe continuou sua carreira de cabeça erguida, foi para a Turquia, mas nunca fez com que fosse possível a saída do seu nome da mídia. Através das redes sociais, mostrava sua torcida para o Flamengo, provocava jornalistas e outros jogadores, sendo sempre figura constante nos noticiários.
Seus atos violentos também nunca desapareceram dos jornais esportivos. Em 2013, no clássico entre o Galatasaray e Fenerbahce (dérbi turco repleto de casos de violência e ódio entre as torcidas), ele foi expulso após entrada duríssima e na saída mostrou a camisa do time à torcida rival. O resultado? Ela invadiu o campo atrás do jogador. É lógico que a reação foi completamente desnecessária, mas, sabendo do histórico desse jogo, a provocação do brasileiro também. Segue o vídeo do caso: https://www.youtube.com/watch?v=fSh64tjL7mc. Em 2015, jogando pela Inter de Milão, Felipe conseguiu chocar a imprensa do duríssimo futebol italiano após solada no ombro de Biglia, da Lazio. Veja o lance: https://www.youtube.com/watch?v=bOzs4YWrxVs.
Os casos são muitos. Desde o ano passado, o nome do volante passou a ser vinculado a clubes brasileiros, principalmente o Flamengo e o São Paulo, com isso, seu nome passou a circular mais ainda entre os jornais. No começo desse ano, o endinheirado Palmeiras surpreendeu a todos e acertou com o jogador. A contratação foi vista como excepcional e ele veio a peso de ouro.
Em 2010, a imagem de Felipe havia passado a ser deteriorada pela mídia, certo? Acontece que esses 7 anos mudaram tudo. A chegada do jogador ao Brasil foi vista como espetacular e uma das maiores do futebol brasileiro nos últimos anos. Violento, agressivo e outros adjetivos foram deixados de lado, trocados por "pitbull" e raçudo, por exemplo.
Isso tudo botou a moral de um cara que já fala o que quer lá em cima. Resultado? Toda vez que abre a boca solta uma polêmica. Em janeiro, por exemplo, disse, em relação ao pisão de 2010: "Óbvio que não vou fazer de novo, mas há dez anos atrás, se tivesse que voltar no tempo, eu faria de novo".
E chegou num ponto que qualquer coisa que ele fizesse virava notícia. Durante jogo do campeonato paulista, ele evitou um balão e vibrou enfaticamente na cara do adversário. Os fãs do jogador acharam o gesto fantástico: "mito", "isso sim é jogador de verdade".
Esse tipo de atitude de Felipe não acontece só contra os adversários não. Semana retrasada, durante treino, ele se estressou com o garoto Roger Guedes e gritou para ele: "Me respeita, porra. Você é moleque, porra". Não preciso nem dizer o quanto foi elogiado por isso.
Entre muitas e muitas, a frase mais repercutida do jogador palmeirense foi ainda em janeiro quando disse "Se tiver que dar tapa na cara de uruguaio, vou dar". Na hora, já achei totalmente desnecessária, o jogador tentou se explicar falando que não queria dizer literalmente, mas acho que havia metáforas melhores para serem usadas, né? Na rodada retrasada da Libertadores, a frase voltou a ser muito repercutida. Jogando contra o Peñarol, no Uruguai, os uruguaios partiram pra cima dos brasileiros, principalmente buscando o próprio Felipe. Assim como disse no caso do clássico turco, essa reação foi pior ainda e totalmente desnecessária, mas poderia ter sido evitada não fosse a frase do "Pitbull".
Todo mundo que acompanha futebol sabe que um dos temas mais recorrentes nos programas futebolísticos é a violência dentro dele. Em qualquer tipo de confusão, as torcidas são condenadas, mas os jornalistas simplesmente esquecem do fato de que muitas vezes o que acontece dentro de campo as motiva. As atitudes de Felipe são prova clara disso. Mas o engraçado é que os que criticam tanto a violência no futebol ajudam a alimentar a imagem do jogador de "Pitbull".
Os defensores do "futebol raiz" reforçam nas redes sociais o tempo inteiro que Felipe Melo é um mito. Dizem que ele é o oposto da "geração mimimi", o anti-futebol moderno. Bom, se o futebol moderno é o que evita brigas dentro e fora de campo, lances que botam em risco a integridade física do jogador, etc., que assim seja.
Essa imagem de cara agressivo, chamado de mito nas redes sociais, que fala o que quer e combate a tal "geração mimimi" me lembra muito a de um outro cara. Termino então deixando um vídeo aqui, para mim, um tanto representativo: https://www.youtube.com/watch?v=QuuFlQPC6ys,
Pedro Werneck Brandão
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