Com duas rodadas de antecedência, o Chelsea se sagrou campeão inglês. Depois de uma temporada 2015/2016 horrível, o time deu a volta por cima e ganhou o título de forma incontestável.
O técnico italiano Conte assumiu o time na vaga de Mourinho, que foi para o Manchester United. A primeira ideia do treinador foi montar o time em um 4-2-3-1 básico, mas depois de um empate com o Swansea e uma derrota em casa para o Liverpool, ele decidiu colocar o esquema que ele está acostumado a usar em seus times, um 3-4-3. Raro no futebol inglês e muitas vezes questionado, o esquema com três zagueiros deu absurdamente certo.
Chega a ser até curioso que inicialmente Conte não pensou no time nesse esquema, porque as peças acabaram se encaixando perfeitamente na forma de jogar. Ele conseguiu achar o lugar perfeito até mesmo para os jogadores mais questionados. O time titular em quase todos os jogos foi: Courtois; Azpilicueta, David Luiz e Cahill; Moses, Matic, Kanté e Marcos Alonso; Hazard, Pedro (ou Willian) e Diego Costa.
Todos os jogadores dos Blues se destacaram de alguma forma. Courtois fechando o gol, Kanté um monstro no meio-campo (eleito melhor do campeonato inclusive), Hazard criando todas as jogadas e Diego Costa sendo o matador de sempre. Porém meu destaque vai para os atletas que subiram de produção principalmente pela posição achada por Conte.
Azpilicueta é meu primeiro destaque. Até temporada passada, o espanhol jogava tanto de lateral esquerdo quanto de direito. O maior destaque dele sempre foi o momento defensivo, tanto que já em 2014 os ex-jogadores Gary Neville (lateral do Manchester United) e Jamie Carragher (zagueiro do Liverpool) apontaram-no como melhor defensor do campeonato. Eu mesmo já imaginei várias vezes que ele também daria um ótimo zagueiro. Observando tudo isso, o treinador resolveu justamente coloca-lo nessa posição, mas, por ter mais dois companheiros de zaga, sua estatura não comprometeu no jogo aéreo. Candidato a melhor jogador do campeonato na votação online, além do destaque defensivo, César foi o jogador que mais acertou passes e o segundo que mais tocou na bola durante a temporada.
O segundo destaque vai para David Luiz. Quando o zagueiro voltou ao Chelsea a pedido de Conte, eu critiquei muito a contratação. Mas o zagueiro calou minha boca. Isso porque o técnico conseguiu achar a única posição dentro de campo que esconde todos os defeitos do jogador e aproveita todas as suas qualidades. O brasileiro é o terceiro zagueiro, jogando centralizado e um pouco mais adiantado, com liberdade para sair para disputar as bolas no jogo aéreo e no chão. Além disso, também pode sair mais com a bola para ajudar na armação, coisa que, quando jogando com só um companheiro de zaga, comprometia o time.
Por último, quero destacar também Victor Moses. O ponta sempre se destacou pelo vigor físico, mas nunca foi tão habilidoso. Por isso, vinha sendo emprestado sucessivamente. Esse vigor físico foi imprescindível para jogar de ala direito, atacando e defendendo com a mesma intensidade, se transformando em uma das principais válvulas de escape dos Blues.
Esse time do Chelsea pode não ser o mais bonito de se ver jogar, mas não tem contestar uma equipe que ganha 30 de 38 jogos, acumula 93 pontos e tem 81,6% de aproveitamento. O segundo lugar Tottenham teve 86 pontos, poderia ter sido campeão com essa pontuação em outros campeonatos facilmente.
A equipe azul de Londres se solidificou como um time muito chato de se enfrentar. Um sistema defensivo muito difícil de se parar, capacidade de manter a posse de bola quando necessário e um contra-ataque mortal, sempre puxado pelo craque Eden Hazard.
Conte conseguiu mostrar que talvez seja mais fácil o time se adaptar ao esquema do técnico do que o técnico se adaptar ao esquema do time. Jogando dentro de sua zona de conforto, o italiano foi contra o padrão do campeonato inglês e dificultou a vida de todos os adversários.
Pedro Werneck Brandão
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