sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Boa sorte, Jorge!

Imagem retirada do site Pasión Fútbol



  Na última quinta-feira foi oficializada a venda do lateral-esquerdo Jorge, do Flamengo, para o Mônaco, da França. Aos 20 anos, o garoto vai ter a oportunidade de jogar a Champions League. 

  Para o Mônaco, a contratação é excelente. O jogador deve chegar com status de titular e seu futebol certamente continuará evoluindo. Para ele, apesar de que cairia bem em qualquer clube europeu (não para chegar como titular, é claro), pode ser um bom clube, pois é um time muito qualificado, mas que ele já chegará, no mínimo, para disputar posição.

  Hoje, a posição de lateral é a mais carente do mundo. Se tentarmos montar o top 10 do planeta, veremos que alguns nomes bem discutíveis podem aparecer. Visto isso, um garoto com um potencial enorme como Jorge é muito valioso. 

  Na minha opinião, Jorge foi o jogador mais importante do Fla no último Brasileirão. Ele jogou quase todos os jogos e sempre muito bem, desarmando muito e esbanjando qualidade técnica a frente. Considero que era o melhor da posição no Brasil, muito completo, ele sabe chutar de fora da área, cruzar, tocar a bola e desarmar.

  Juntando tudo isso, vejo ele como um dos melhores do mundo na sua função daqui a alguns anos. É claro que posso estar enganado, mas é meu palpite. O valor da venda, por outro lado, não reflete isso.

  A mídia repercutiu muito que essa foi a maior venda da história do clube, superando a de Renato Augusto, em 2008. A verdade é que o futebol mudou muito nos últimos anos e os valores aumentaram absurdamente, porém o Fla não revelou muitos jogadores de qualidade recentemente. Finalmente, conseguiu revelar uma promessa com tudo para dar certo e abriu mão muito rápido.

  O valor da transferência foi de R$28 milhões (€8,5 milhões), mas o clube só ficará com R$19 milhões. Eu tenho uma série de críticas em relação à essa venda. A primeira é ter vendido agora, pois esse ano pode ser muito importante para o clube, que disputará uma Libertadores. Sem pensar em retorno financeiro, mas sim retorno dentro de campo, a presença de Jorge durante a competição seria imprescindível. Pensando financeiramente, o torneio ainda poderia valorizar o jogador. Outro motivo é que o contratado para substituí-lo, Trauco, chegou agora vindo do futebol peruano e um ano na reserva ajudaria na adaptação ao nosso futebol para assumir a posição nos próximos anos.

  A outra grande crítica é em relação ao valor em si. Por exemplo, o Atlético-PR vendeu para o Zenit o volante Hernani, de 22 anos, pelo mesmo valor de Jorge. Ambos são ótimos jogadores, mas o potencial do lateral flamenguista é muito maior. E, anotem o que estou dizendo, não duvido nada que, daqui a um ou dois anos, o Manchester City, que já havia demonstrado interesse no jogador flamenguista, pague cinco vezes o valor pago pelo Mônaco. 

  Clubes como o próprio Mônaco, Benfica, Porto, etc. ficam conhecidos como ótimos revendedores, mas na verdade isso se deve ao fato de os brasileiros serem ótimos vendedores (para quem compra). Os clubes daqui precisam muito de dinheiro, é verdade, e acabam cedendo muito rápido nas negociações, vendendo jogadores por um preço que não reflete sua qualidade. Por exemplo, Schlupp, jogador de 24 anos e da mesma posição de Jorge, foi vendido do Leicester City para o Crystal Palace por €13,8 milhões e, além de mais velho, o jogador não chega nem aos pés do brasileiro.

  Para terminar, eu ainda vejo também uma grande desvalorização de jogadores de defesa, como se eles fossem menos impontantes. A própria diretoria do Flamengo já falou que quer que os jogadores da base tragam retorno dentro de campo antes de serem vendidos. Jorge seria fundamental para a conquista da Libertadores e tão impontante quanto Guerrero e Diego, por exemplo. No caso de jogadores como Gabriel Jesus, Gabigol, Ganso, Luan, etc. as diretorias de seus respectivos clubes sempre falam em segurá-los para poder conquistar um ou dois títulos, mas, em um ano que o Fla disputará a Libertadores e diante de uma proposta longe de ser irrecusável, o rubro-negro não fez esforço para a permanência de sua grande promessa. 

  Eu, como flamenguista e brasileiro, vou torcer muito para Jorge dar certo lá fora. Acredito que pode alcançar todo esse potencial que eu citei e se tornar um dos melhores de sua posição. Se um dia voltar para a Gávea, será muito bem-vindo. Voa, garoto! 



Pedro Werneck Brandão

  

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