domingo, 11 de dezembro de 2016

Gigante não cai?

  Após anos de campeonato brasileiro, 2016 começou com apenas 5 times que nunca disputaram as séries inferiores: Internacional, Cruzeiro, São Paulo, Santos e Flamengo. Com isso, os torcedores desses times começaram a popularizar a frase "time gigante não cai" para provocar os rivais. O problema de qualquer provocação é que quem a faz tem que estar ciente de que ela pode voltar. E é o caso dos colorados agora, pois o Inter não conseguiu os resultados necessários na última rodada para evitar o rebaixamento.

  Agora, os colorados têm um grande dilema. Eles podem manter os princípios ditos por muito tempo e aceitar que agora o time deles não é mais um gigante brasileiro ou, como a maioria fará, simplesmente apagar qualquer evidência que tenha dito tal frase e passar a dizer que um rebaixamento não altera a grandeza do clube.

  O time do Internacional que começou o ano não era considerado ruim. Os torcedores mais otimistas diziam que o time brigaria por título, aqueles sonhadores, mas um pouco mais realistas, diziam que a meta era a libertadores, porém a maioria acreditava que o time ficaria no meio da tabela. A verdade é que o elenco colorado era muito condizente com a meiuca. 

  A diretoria manteve Argel Fucks para começar o ano, o que era um pouco contraditório, pois seria um elenco com bastante peças ofensivas nas mãos de um técnico muito retranqueiro. Após 14 rodadas e a 9º colocação, o técnico foi demitido. A verdade é que a insatisfação da diretoria com a posição na tabela demonstrou que ela não tinha noção de que o time não era tão bom assim. 

  Falcão logo assumiu o Internacional. Ídolo colorado e admirador do bom futebol, a diretoria achou que ele iria ter apoio total da torcida. Mas o ex-craque não fez trabalhos muito bons como treinador e, pegando um elenco no meio da temporada, conseguiu apenas 2 pontos em 5 jogos, levou o time a 13º colocação e não resistiu. 

  Depois da demissão de Paulo Roberto Falcão, o desespero finalmente bateu na diretoria colorada. Eles tomaram uma atitude típica de um time que assume que vai brigar contra o rebaixamento, colocou Celso Roth como o novo comandante. Celso é conhecido por saber motivar muito bem os jogadores, mas montar times retrancados e cheios de volantes. Provavelmente Roth concordaria com a frase de Pep Guardiola "Amo os meio-campistas, se pudesse, montava um time com 11 deles", mas acho que o sentido para cada um seria bem diferente. 

  Como opções de frente o Inter tinha jogadores razoáveis como Sasha, Seijas, Alex, ótimo jogador, mas que vem caindo de produção com a idade, Nico López, que fez grande Libertadores e se esperava muito no colorado, mas não deu certo, e o garoto Aylon. Além de um grande jogador, Vitinho. Como volantes, o time tinha Rodrigo Dourado, ótimo jogador e poderia usar Anderson como segundo volante. 

  Apesar de todas essas opções, Roth montou o time na maioria dos jogos com volantes marcadores que o Inter não tinha. Às vezes, utilizou o lateral direito William na ponta. No final das contas, um time que poderia ser criativo se tornou o contrário. Com inacreditáveis 36% de aproveitamento, o terceiro técnico escolhido pela diretoria não aguentou e foi despedido. 

  Na base do desespero, Lisca, técnico que já fez bons trabalhos em times pequenos, assumiu o gigante de Porto Alegre para tentar evitar a degola, uma missão quase impossível. Ele só conseguiu uma vitória nos três jogos restantes e o inevitável aconteceu. 

  Num momento de raiva do torcedor colorado, é normal que tentem encontrar culpados. Alguns jogadores não renderam o quanto se esperava. Mas foi possível ver pelos técnicos escolhidos que a diretoria apequenou o clube de maneira que isso refletiu totalmente no desempenho em campo. A atitude do vice do Inter após o trágico acidente da Chape dizendo que "o Inter também vive uma tragédia pessoal" e tentando colocar o adiamento da última rodada que, de certa forma, beneficiou o time, como motivo da possível queda, mostrou bastante o quanto é fraca a diretoria do Inter e é dela que o torcedor tem que cobrar um futuro melhor.



Pedro Werneck

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