quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Guerreiros de Chapecó

  Nesse tempo em que fiquei ausente aqui do blog, aconteceu o mais trágico acidente da história do futebol. Esse acidente me comoveu de tal maneira que passei alguns dias sem pensar em nada além disso. Chorei, e chorei muito. 

  A Chapecoense é o símbolo de alegria no nosso futebol, já há muito tempo ela vinha unindo torcidas rivais que queriam torcer juntos para esse carismático time. Eu estava louco para torcer para eles na final contra o Atlético, quando vi a notícia. Passei a madrugada daquele dia 29 sem dormir, acompanhando pelo Facebook, televisão e Twitter todas as notícias que chegavam. Quando finalmente consegui cair no sono, a mídia passava a notícia de 10 sobreviventes confirmados e que provavelmente esse número ainda aumentaria muito, já que não havia confirmação de mortes. 1h30 depois acordei com a notícia de que apenas 5 haviam sobrevivido. Foi um choque muito grande. 

  A partir daquele momento, passei a entrar em grande reflexão e enorme comoção. Felizmente, eu não fui o único, esse sentimento foi o mesmo de várias pessoas, inclusive as que constituem clubes e instituições. Eu me emocionei com vídeos, textos, etc. que circulavam nas redes nos dias seguintes, mas o que mais me tocou foram as homenagens. Muitos delas podem não significar tanto para os familiares e amigos das vítimas, os que mais sofrem, mas passou um sentimento de esperança e união revigorante. Do Real Madrid ao Íbis poderia citar cada uma delas, mas a que mais me chamou atenção foi a do Atlético Nacional.

  Os colombianos não tinham obrigação de abrir mão do título da Sulamericana, poderiam esperar a decisão da Conmebol, mas eles abriram. Não tinham obrigação de reunir 100 mil torcedores dentro e fora de um estádio para organizar uma cerimônia homenageando a Chape, mas eles fizeram. E foi lindo. 

  Recentemente, discuti com algumas pessoas que acharam que a mídia estava exagerando na repercussão do acidente. Além de não ser comum como pensam um acidente aéreo envolvendo a morte de mais de 70 pessoas, o fato de ser um time de futebol deixa mais comovente, não pelo dinheiro envolvido, mas sim porque houveram pessoas perdendo cerca de 40 amigos ali. Indo adiante, atingiu também os vários e vários fãs daquele time que tinham aqueles jogadores como ídolos. 

  É verdade que talvez a mobilização e comoção fosse muito importante em outros momentos em que não ocorre. Mas quem sabe, essa sirva de exemplo. Um exemplo de que pessoas distintas podem se unir e se emocionar. E que essa união é o que a humanidade mais precisa em um momento em que a polarização parece ter se tornado um vício. Vamos trazer para nossa rotina esse lado de união que o futebol é capaz, e não achar que qualquer opinião distinta deve virar um verdadeiro Fla x Flu. 



Pedro Werneck

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