quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Perfume palmeirense

  Palmeiras se consagrou campeão adiantado do Brasileirão e acabou com o cheirinho que eu, por sinal, sentia muito forte. Foi um título merecidíssimo, com uma série de fatores que acarretaram na conquista. Para começar, considero que eles tiveram esse ano o melhor treinador brasileiro atualmente depois do Tite. Cuca foi muito bem no Botafogo, no Atlético MG e agora no Palmeiras, então seus grandes trabalhos não são novidade.

  Em 2015, quando Marcelo Oliveira assumiu o Palmeiras, muito se falava do elenco muito grande do Porco e como isso poderia complicar o treinador. E complicou. Marcelo não conseguiu arrumar um time padrão, e muito menos fez um revezamento que tivesse sentido de acordo com os jogos. Um dos méritos do Cuca foi justamente não ligar para esse elenco tão grande e escolher as peças que seriam úteis e como seriam utilizadas.

  Cuca também soube utilizar algumas peças de uma maneira que muitos não enxergavam. Por exemplo, quando o Jean chegou, pensava que jogaria de volante e que não fazia sentido, pois haviam muitos jogadores dessa posição no elenco, mas ele retomou suas origens do São Paulo, foi jogar na lateral direita e o foi o melhor da competição nessa função. A chegada do Moisés, mesmo sendo um jogador que eu gostava muito na Portuguesa, também critiquei, por achar que haviam camisas 10 melhores e volantes também. Já Tchê Tchê eu apenas sabia que era um jogador jovem e versátil, mas nunca pensei que seria justamente utilizado como primeiro homem de meio de campo.

  O esquema que o time paulista usou no campeonato foi uma espécie de 4-3-3 no estilo Barcelona, porém com os jogadores de lado ajudando muito mais na marcação. Um time no primeiro turno que ainda não estava totalmente definido dependeu muito de destaques individuais, principalmente de Gabriel Jesus que nessa primeira parte jogou demais, com muitos gols e assistências. No segundo turno, com o time bem definido, o futebol coletivo prevaleceu, incluindo jogadas muito bem trabalhadas, até nas bolas paradas. Além de passar a usar um time mais defensivo dependendo dos jogos, a consolidação do zagueiro Mina como titular fez o Palmeiras tomar muito menos gols no segundo turno. 

  No gol, Prass era o titular absoluto e incontestável até se lesionar. Com o jovem Vágner em má fase, Cuca "descobriu" o goleiro Jaílson de 35 anos, que salvou o time em inúmeras oportunidades. Na lateral direita, já falei sobre o belíssimo campeonato de Jean. Na zaga, a dupla Mina e Vitor Hugo foi muito segura e se destacou  também com muitos gols em bola parada. Na lateral esquerda, Zé Roberto foi titular na maioria dos jogos, Egídio em outros. Confesso que apesar do vigor físico aos 42 anos impressionar, achei que Zé foi o ponto fraco do time. Ainda assim, muito melhor que o Egídio, jogador irregular, capaz de jogadas bizarras e jogadas incríveis, mas que certamente tem estrela, chegando ao seu terceiro título do Brasileirão.

  O meio campo mudava dependendo do jogo. Tchê Tchê, jogador rápido e que vai bem atrás e na frente, e Moisés, melhor e mais completo meio campista do campeonato, também se destacando na defesa e no ataque, eram os nomes certos, mas seus respectivos posicionamentos dependiam do terceiro homem. Esse outro meio campista variava de acordo com a necessidade de um time mais defensivo ou ofensivo pela visão do Cuca. Quando queria sair mais, colocava o meia Cleiton Xavier, ótimo jogador, mas que foi irregular, puxando Tchê Tchê pra frente da zaga e Moisés pra segundo volante. Para solidificar a defesa, colocava Thiago Santos, que executou bem seu papel, ou Gabriel, excelente jogador, a frente da zaga e os outros dois mais adiantados. Outra variação de Cuca foi utilizar Fabiano na lateral e Jean no meio. 

  O trio de ataque também foi importantíssimo. Dudu foi regular durante todo campeonato, criando muitas jogadas todo jogo, quebrando a defesa com fantásticos dribles e passes. Roger Guedes, uma das principais revelações do campeonato, surpreendeu a todos, pois um jogador recém chegado e desconhecido virou titular dentro de um elenco recheado e não fez feio, muito habilidoso e com grande potencial. Na frente, Gabriel Jesus, teve o ano da sua vida, apesar da queda de produção no final do campeonato, comandou o time, sendo o artilheiro do Palmeiras no campeonato. Quando começou a ser utilizado como centroavante era visto como um falso 9, mas acabou se firmando como ótimo finalizador, porém também armando jogadas e caindo pelos lados, não a toa sendo titular da seleção brasileira de Tite.

  Esse time do Cuca teve momentos de brilhantismo e momentos de pragmatismo, mas o título nunca esteve longe durante todo o ano. Flamengo, Santos e Galo fizeram ótimos campeonatos, mas não conseguiram a regularidade necessária para ganhar uma competição de pontos corridos.

  Cuca já anunciou que não fica no clube ano que vem, os motivos divulgados pela imprensa são diversos: desentendimento com jogadores e diretoria, decisão familiar, ele quer estudar mais, proposta da China, etc. O fato é que o próximo clube que tiver esse grande treinador será um clube de sorte. O Palmeiras segue com um timaço para disputa da Libertadores, vamos ver se o substituto, ainda não definido, manterá o alto nível.

  Finalizo essa postagem com um golaço coletivo do Palmeiras que vale muito a pena ver https://www.youtube.com/watch?v=ahcmLwRqm34 



  Pedro Werneck

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